domingo, novembro 10, 2019

Rede de apoio

A minha última postagem foi um desabafo, uma sessão de terapia baixa renda, um expurgo, vulgo - tirar esqueletos do armário.
Parte de um processo terapêutico de uma depressiva em tratamento.
Recebi apoio, conforto, ombros, afagos emocionais, tão importantes para te reconectar com o que há por aí de belo e feliz, para iluminar a escuridão de dentro.
Rede de apoio é tudo para quem está enfrentando a depressão, se puderem, sejam essa mão que puxa para dar fôlego.
O depressivo, muito frequentemente se sente invisível, é bom sentir-se acolhido, abraçado.
A mensagem que transcrevo abaixo me chegou por Whatsapp e divido com vocês com a devida permissão da autora, minha tia querida.
Obrigada por isso, obrigada pelo tempo, pela disponibilidade, por estar perto mesmo tão longe.

"Enquanto algumas citam Nietzsche, outros citam Adriane Galisteu (cada um dá aquilo que tem). E hoje eu tenho uma frase profunda dessa filósofa contemporânea especialmente pra você: "O fundo do poço não  tem ralo, tem mola".

Tenho falado com algumas pessoas ultimamente. Todas estão fudidas da cabeça. Eu mesma tenho Psiquiatra marcada no dia 20 de novembro (só conseguimos essa data porque está lotado). Sairei de lá e quem sabe irei beber antes de começar novamente com meus queridos antidepressivos. Isso só para que você saiba que sua dor é imensa, mas junto contigo há tantos outros. Cada um tentando pegar um limão e fazer uma limonada com a sua vida.

O que temos é uma doença. Ponto. Talvez ela esteja diretamente ligada ao nosso abismo interior-  talvez pessoas como nós tenhamos uma "capacidade" maior de entrega a ele e questionamentos interiores que a maioria das pessoas não tem. E enxergar tanta complexidade gera medo, que se traduz nas pequenas tarefas cotidianas - Como vou levantar amanhã? Como vou entrar nesse emprego? - qualquer coisa se transforma em uma árdua tarefa, pois sofrer cansa. Pensar cansa. Questionar cansa. E temer cansa.

E por qual razão temos que ser felizes o tempo todo? Acordar e dar bom dia ao Sol? Até nisso a sociedade nos massacra: Você tem que ser jovem, magro, bem sucedido, querido....e feliz. Não, você não tem. Abrace a depressão. Curta a depressão. Ela é sua. 

Eu acho que que nossa tarefa, para nós doentes de depressão, é sobreviver a cada dia. Um dia de cada vez. Aceitando as nossas limitações de humor, de falta de resiliência e capacidade para tantas coisas...podemos sim nos perdoar por não sermos capazes de realizar coisas que queríamos fazer. E fazer o que der. Um dia de cada vez, repito. Cada vitória pequena nossa pode ser celebrada interiormente e silenciosamente - hoje eu consegui gravar um vídeo, hoje fiz um almoço gostoso e saí da cama, hoje mandei 5 currículos ou terminei de ler um livro - coisas que jamais teríamos feito se tivéssemos nos matado quando tudo isso começou. 

Portanto, minha Sobrinha, amada, tão minha, tão eu. Te digo uma coisa, meus parabéns. És uma lutadora. Você está viva. E essa é a nossa meta. Um dia por vez, sem grandes cobranças.

ESSA FASE VAI PASSAR. Como todas que já tivemos. E aí, só então, a felicidade virá sem que você perceba ou se cobre por isso. Em momentos. Felicidade constante não existe.


Não aceite essa história de "tudo pode ser, se quiser será, sonho sempre vem pra quem sonhar". Isso é balela de Xuxa, ouvimos tanto essa merda que ficamos desajustados por metas  inalcançáveis que enfiaram na nossa cabeça, pura pressão. Não, nada de sonho. O sonho é sobreviver fazendo o seu melhor a cada dia. Deu pra tomar banho hoje? Ótimo. Até a fase PASSAR.

Pare de se cobrar. Não aceite cobrança de ninguém. Um passo por vez. Até sair do buraco. Você não está sozinha. Me dá a mão e vamos juntas. Fechado? Te amo.❤"

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