quinta-feira, janeiro 12, 2017

É janeiro, o tempo tem uma pressa louca. Acende um incenso de Jasmim Massala, pra acalmar a alma. Chove. Fora e dentro. Não é tristeza, é alguma urgência louca que inventa, um medo besta, desses que paralisa, igual a veneno de cobra.  Há 38 anos sente medo, não aprende a superá-lo, só coexiste, em conflito permanente. Oriente Médio emocional. Companheiro cruel, irônco e sádico. O criou, seu monstro, Mr. Hyde. Onipresença sufocante.
Porque faz  isso? Porque machuca assim? Nossa mente pode ser um cárcere solitário.
38 anos e ainda precisa de uma mão que guie. Será sempre assim?
Foi fazendo o caminho sem notar, essa mão que guia nunca apareceu, ainda é só, desbravando, abrindo caminhos mesmo sem perceber, porque não há outra opção além de seguir. Apesar da consciência de que sempre foi a mão guia, o medo atormenta, embota os sentidos, ainda paralisa. O que a faz seguir lado a lado com ele? Deve ser alguma coragem covarde que a habita, nada heroico, só uma coragenzinha tímida, o suficiente pra fazer ir adiante. Talvez nem seja coragem, coragem é um adjetivo muito glorioso pra essa flâmula frágil e oscilante que carrega, provavelmente é só o instinto de sobrevivência mais básico e rudimentar, presente em cada ser desde os primórdios da humanidade.
Toca “Carmina Burana”. Busca a força da música. É poderosa, destemida, vibrante, crescente, arrepia os pelos. Ajuda. É terapia rudimentar mas valiosa, a música salva!
Acende um cigarro. Acende tudo que pode fora para iluminar dentro. Ajuda mas é fulgaz.
Não busca mais respostas, porque quando as encontra surgem novas dúvidas, uma dialética sem fim. Ouroboros, a serpente que devora a própria cauda. Eternidade. Respostas são ilusões dissimuladas. Cortina de fumaça.

Mas o que faz aqui, analisando sua psique em crônica, senão desesperadamente buscá-las? Sim, as respostas. Essas ninfas mitológicas e fugidias num bosque escuro e triste repleto de dúvidas, permeado de medos.